MARLON DE AZAMBUJA: EDITORA CALLE

Marlon De Azambuja apresenta sua primeira exposição individual na Galeria Marilia Razuk. A mostra contém duas séries de trabalhos, uma que dá nome à exposição, intitulada “Editora Calle” e a segunda com o nome de “FuracãoBrasileiro”. O fio condutor que a permeia é, essencialmente, a questão editorial, relacionada com a cidade e o espaço urbano.

Em Editora Calle, o artista explica que trabalha realmente como um editor em sua obra. “Convido curadores, artistas, escritores, gente familiarizada com a escritura de alguma maneira, e ‘encomendo’ um texto que fale sobre a cidade/ rua, sendo o enfoque ou estilo do texto completamente livre”, revela. A partir daí, Marlon edita esse texto na rua, sob a forma de grafitti. A intervenção urbana está presente em muitos de seus trabalhos, caracterizada como uma arte efêmera, de ocupação de espaços públicos, através de luz, cores ou de formas das quais ele se apropria.

Na exposição, o artista trará registros fotográficos dessas interferências, em pequeno formato, bem como os textos reproduzidos nas paredes da Galeria, em tamanho real. Na proposta de Marlon, o espectador tem uma relação muito maior com o texto do que a imagem propriamente dita. Os textos serão em espanhol e português, referência aos locais onde foram realizadas as ações: Madrid (Espanha, país onde vive atualmente) e São Paulo (Brasil, país onde nasceu).

No segundo grupo de trabalhos, Furacão Brasileiro, Marlon Azambuja reedita publicações atuais, bastante reconhecidas no mundo da arte, retirando delas todos os artistas que não sejam brasileiros. Ou seja, transforma livros em edições especiais, restando apenas os artistas brasileiros. “É um trabalho que conversa sobre o grande momento da arte brasileira no panorama internacional e ao mesmo tempo, penso eu, um ato de pirataria”, afirma o artista. Revela, assim, sua habilidade construtiva e desconstrutiva, ao levar ao objeto cotidiano algo diferente, ampliando ou destruindo seu significado, sua estética e função.

A mostra Editora Calle ficará em cartaz até 10 de setembro de 2011.

Marlon de Azambuja

Nasceu em Santo Antônio da Patrulha, RS, Brasil, 1978. Vive e trabalha em Madrid, Espanha. A obra de Marlon de Azambuja reafirma o potencial plástico dos exercícios neoconcretos em intervenções urbanas, instalações e colagens.Revisita os “Metaesquemas” de Hélio Oiticica, ou mesmo os relevos espaciais do tropicalista, com linhas no asfalto ou estruturas de fita adesiva no mobiliário urbano. Também recria padrões e estampas de substrato neoconcretista com fitas e etiquetas sobre papel, numa reflexão sobre a fidelidade ao material aliada à sua transformação plástica sobre o plano.